© Mário Vilela/Funai Tentativa de Regulamentação da consulta administrativa: processo inconcluso e equivocado Em 2012, após pressão da sociedade civil e sob o argumento de que era preciso uniformizar o entendimento das instituições federais, foi iniciada uma tentativa, frustrada, de regulamentação da consulta pelo governo federal. Conforme aprofundado no documento, a tentativa de regulamentação demonstrou a dificuldade de uma posição coesa do governo para agir de boa-fé com os sujeitos interessados. A regulamentação do direito à consulta deveria garantir um processo de consulta exemplar, o que não ocorreu. Sem a participação do movimento indígena no processo de regulamentação, o governo buscou avançar elaborando uma proposta específica para a consulta às comunidades quilombolas. Porém, os representantes quilombolas denunciaram que as reuniões e seminários promovidos pelo governo tinham caráter meramente informativo, não havendo oportunidade, informação adequada e tempo hábil para a manifestação dos quilombolas num verdadeiro processo de consulta. O conteúdo dessa proposta de regulamentação da consulta às comunidades quilombolas, como demonstrado, retrocede em diversos parâmetros internacionais do direito à consulta. 51 Índios e quilombolas juntos na defesa de seus direitos, 2012 Caso o governo pretenda retomar a discussão, recomendamos a necessidade de recuperar a confiança do movimento indígena por meio de manifestações objetivas de defesa dos direitos indígenas, como a revogação da Portaria nº. 303/2012. Outra demonstração de boa fé seria oferecer garantias institucionais para o exercício deste direito a partir do respeito aos protocolos de consulta. Aliás, o governo deveria não só respeitar, mas estimular e apoiar a produção dos protocolos autônomos de consulta em todo o país, uma vez que esses são a definição explícita e pública de regras de representação, organização e acompanhamento de processos de tomada de decisões de cada povo, organização ou comunidade.

Select target paragraph3