Desafios para a implementação do direito à consulta e consentimento © Luis Donisete Benzi Grupioni/Iepé 16 Kayapó durante manifestação pelo respeito aos direitos indígenas, 2013 Percebe-se que, frequentemente, o direito à consulta é encarado pelo governo como mera formalidade. Raras são as decisões administrativas reconsideradas em consequência de processos de consulta ou de objeção por parte dos povos afetados. Quanto às medidas legislativas, o quadro é ainda mais grave, pois o Congresso Nacional hesita em admitir a existência e a obrigatoriedade da CCPLI. Também é inexistente o debate sobre as consequências jurídicas da ausência de consulta pelo Legislativo para efeitos da legalidade do próprio processo legislativo, como se verá mais adiante. Os desafios para a implementação do direito à CCPLI de povos indígenas e comunidades tradicionais incluem desde a dificuldade do Estado em reconhecê-los como sujeitos deste direito, passam pela definição dos alcances de cada consulta e se deparam com o não entendimento do que seriam oportunidades legítimas para a efetiva participação indígena e de outros sujeitos nos processos de tomadas de decisão administrativa e legislativa. Ao longo deste documento, serão descritas e analisadas as dimensões do direito à consulta (objeto, sujeitos, oportunidade e efeitos) à luz dos principais desafios de sua implementação no Brasil.

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