Os recursos naturais são necessários para a nossa sobrevivência,
pois vivemos da pesca, da agricultura familiar, do extrativismo e da
pecuária. Dependemos das florestas para caçar, plantar; dos rios
(Amazonas, Maicá e Ituqui), lagos (Verde, Nazaré, Rosinha, João
Antônio, Cupido, Gaivota, Carão, Caraúba, Salinas, Ajará, Tachi, Tiningu
e Tipitinga) e igarapés (Maicá e Santíssimo) para pescar, lavar roupa,
vasilhas, tirar água para beber, tomar banho, preparar a alimentação,
e também como meio de locomoção para outros lugares.
A construção de obras de grande porte (portos, hidrelétricas,
mineração, ferrovias, etc) que visam o tal “desenvolvimento”, as
grandes queimadas, a poluição dos rios e do ar, trazem inúmeros
impactos socioambientais que ameaçam os recursos naturais que
servem de fonte de sobrevivência para nós quilombolas, e também
para indígenas, pescadores, ribeirinhos e todas as comunidades
tradicionais. Por isso, é direito de todos esses povos tradicionais
serem consultados. Nós contribuímos para o desenvolvimento de
forma sustentável e vivemos em harmonia com o meio ambiente.
Tememos que com o desaparecimento dos recursos naturais,
ocasionados por obras que agridem o meio ambiente, nós
quilombolas deixemos os quilombos para morarmos na cidade,
o que prejudicará a nossa cultura e o modo tradicional de viver.