Protocolo de Consulta
Montanha e Mangabal
Nós não somos invisíveis e não abrimos mão do nosso lugar. No
passado, os grileiros diziam que ninguém vivia em Montanha e Mangabal,
mas lutamos e conseguimos que nosso direito à terra fosse reconhecido.
Agora, é o governo quem diz que não existimos e planeja construir barragens
no rio Tapajós sem nem nos consultar. Mas sabemos que a lei garante nosso
direito à consulta prévia e exigimos que ele seja cumprido. Aqui, neste
beiradão, nós nascemos e nos criamos. Pegamos malária, enfrentamos as
cachoeiras, cortamos seringa, caçamos gato, pescamos, fizemos nossas roças.
Foi assim nossa lida.
À beira do Tapajós, enterramos nossos pais e nossos filhos.
Exigimos ser consultados. E lembramos também dos beiradeiros de
comunidades como Mamãe-Anã, Penedo, Curuçá, Pimental, São Luiz e Vila
Rayol, e de aldeias como a do Chico Índio e a de Terra Preta (Apiaká), que,
assim como nós e os Munduruku, devem ser consultados sempre que o
governo tiver planos que afetem nossas terras.
“ Agora, é o governo quem
diz que não existimos
e planeja construir
barragens no rio Tapajós ”