O pessoal do governo, quando vem fazer reunião com a gente, quer falar
muito bonito, muito técnico, com palavras difíceis que nós não conhecemos.
Nas reuniões da consulta, eles têm que falar a nossa língua, a linguagem do
nosso dia-a-dia, a linguagem do beiradeiro. O governo precisa entender
também que muitos de nós não sabemos ler. E que o nosso conhecimento não
pode ser desprezado.
Também devem participar das reuniões os nossos parceiros: o Ministério
Público Federal, as organizações escolhidas por nós e nossos convidados
especiais, inclusive técnicos de nossa confiança, que serão indicados por nós. Os
custos da nossa presença e dos nossos parceiros em todas as reuniões (transporte,
hospedagem, alimentação e outras despesas que forem necessárias) devem ser
pagos pelo governo.
Se a polícia estiver nas reuniões, isso já será uma pressão. Não
aceitaremos agentes da Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia
Rodoviária Federal, Exército, Força Nacional de Segurança
Pública, Agência Brasileira de Inteligência ou de qualquer outra força
de segurança pública ou privada, inclusive disfarçados. O governo não pode fazer
imagens nossas sem nossa autorização por escrito. Para nossa segurança, as
reuniões devem ser filmadas e o governo deve nos entregar cópias completas das
gravações.