Introdução © Marcelo Camargo/Agência Brasil 6 Cacique Kamirã Tembé na sessão solene em homenagem aos povos indígenas no Senado Federal, 2015 O direito à consulta e ao consentimento prévio, livre e informado (daqui para frente nomeado apenas como CCPLI) se sustenta no reconhecimento dos direitos fundamentais de povos e comunidades tradicionais e na garantia da sua livre determinação. Ou seja, povos indígenas e tribais têm o poder de decidir livremente sobre seu presente e futuro na qualidade de sujeitos coletivos de direitos. Para fazer respeitar esse princípio, os Estados devem observar a obrigatoriedade de consultar os povos afetados por medidas administrativas e legislativas capazes de alterar seus direitos. A CCPLI consolidou-se internacionalmente como uma importante conquista dos povos indígenas e tribais, porque determina um novo tipo de relação, mais simétrica e respeitosa, entre os Estados e os referidos povos. Contudo, ainda são inúmeros os desafios para a efetiva implementação desse direito, tanto por parte dos Estados como para os povos e comunidades afetados por decisões estatais. Este documento aborda as limitações no entendimento e na aplicação do direito à CCPLI no Brasil, a partir da análise dos seguintes aspectos: (a) sujeitos envolvidos; (b) objetos de consulta, incluída a obrigatoriedade desse procedimento para medidas legislativas; (c) oportunidade para a consulta; (d) modo de realizar consultas; (e) efeitos de uma consulta para o resguardo de direitos fundamentais.

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