As comunidades de Pimental e São Francisco estão localizadas às margens do Rio Tapajós, no município de Trairão (PA), e existem há mais de cem anos. Queremos ser ouvidos e respeitados. Queremos que nossas terras sejam reconhecidas e não abrimos mão de nosso lugar. Somos famílias ribeirinhas e temos nosso direito à consulta prévia, livre e informada. Exigimos que nossos direitos sejam cumpridos diante de qualquer grande projeto que venha trazer impactos ao nosso território. A Comunidade de Pimental tem tradições desenvolvidas há vários anos. Há o festejo de São Sebastião – uma festa típica que reúne pessoas do Alto e Baixo Tapajós, que aproveitam para rever os amigos e fazer seus votos –, assim como há também o Festival do Curimatã, evento anual que destaca gastronomia tradicional e apresentações culturais da região. Além disso, a Semana da Pátria é também momento para o desenvolvimento de ações políticas, atividades de reflexão e de valorização da identidade tradicional. Na comunidade de São Francisco, uma festa em homenagem ao santo que dá nome ao local também é realizada todos os anos. As datas comemorativas são de grande importância para todos nós da comunidade, pois são o momento de nos organizamos para comemorarmos juntos. Nossas tradições precisam ser respeitadas. Nascemos aqui, conhecemos todos os moradores dentro das comunidades e enfrentamos os problemas juntos, ajudamos uns aos outros. É aqui que pescamos, caçamos e tiramos nossos sustentos tanto do rio quanto da terra. Preservamos as tradições – passando-as de geração em geração – e assim levamos nossas vidas com dificuldades e superações de nossos dia-a-dia. À beira do igarapé enterramos nossos entes queridos: pais, avós, filhos e netos e exigimos ser consultados. Também lembramos que deve haver a consulta de todos os ribeirinhos das comunidades como São Luiz do Tapajós e Palhal, e aldeias do povo Munduruku como SawreMuybu, Dace Watpu, Sawre Juybu, SawreApompu, KaroMuybu. Nossa comunidade é também do Povo Apiaka, que deve ter seu direito de consulta respeitado. Queremos que nossos parceiros também participem. O governo deve ouvir e responder as nossas propostas, mesmo que sejam diferentes das do governo. A CONSULTA TEM QUE SER LIVRE! Costumamos sentar embaixo de uma mangueira e conversar até chegarmos a um acordo. Por isso, precisamos de tempo suficiente para essa tomada de decisão. E se não houver acordo entre a comunidade, a maioria decide em assembleia. Queremos que o governo nos escute e que ouça nossas propostas, pois estamos aqui há muito tempo e temos plena consciência de nossas afirmações. Queremos ser consultados todos juntos: o governo não pode consultar as famílias separadamente. Todos sabemos da nossa realidade e temos um ideal, e só nos sentimos bem quando estamos juntos para conversar com representantes do governo ou de empresas. Não queremos que o governo nos prometa nada em troca para aceitarmos suas propostas.

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